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“Não fique assim meu filho, isso é só um jogo” – Uma breve reflexão sobre a nossa Paixão.

O ano é 2002, eu estou sentado a frente da Tv, colocando em xeque todos os motivos que uma criança de 12 anos poderia ter para gostar de um time de Futebol, com uma lágrima pronta para cair. Naquele momento, o Palmeiras acabava de sacramentar o seu primeiro rebaixamento à segunda divisão do Campeonato Brasileiro, e as tristezas não parariam por ali. Acompanhando de perto a cena estava minha Mãe que, em uma inútil tentativa de me consolar, proferiu as seguintes palavras: “Não fique assim meu filho, isso é só um jogo… “.

Desde sempre eu soube que não se tratava apenas de uma disputa entre 22 pessoas em um campo demarcado por tinta branca, mesmo para uma criança, o Futebol pode representar muito mais do que o resultado dentro de campo e, para mim, as partidas disputadas no domingo definiam qual seria o tom da minha semana, se eu estaria feliz a tarde na escola ou no treino durante o período da manhã, se teria ânimo para acompanhar os noticiários esportivos, e também as páginas e fórums na internet.

O Futebol bem como outros esportes, tem grande valor como válvula de escape das tristezas da vida, daquele dia que tudo deu errado no trabalho, ou de quando você se distraiu no trânsito e encostou no carro da frente. Também podemos ver o Futebol como fator de equilíbrio para a sociedade pois, no momento em que o jogo é disputado, tanto a torcida do rico, quanto a do pobre tem o mesmo peso, não há distinção de raça, cor, credo ou alinhamento politico na hora de cantar o hino do clube, e tanto a alegria da conquista quanto o amargo da derrota, envolvem a todos no final da partida.

O Futebol também é arma de revolução, e não estou falando das histórias dos atletas que foram para os campos de batalha em 1932, mas sim do poder que o Futebol tem de agrupar pensamentos sob uma mesma bandeira, seja como time de operários, ou imigrantes que desejam fortalecer a sua cultura em uma terra distante, ou também como janela, para que determinada classe tenha maior abertura na sociedade, um bom exemplo é a entrada dos negros no meio futebolístico, que se deu no Brasil lá pelos anos de 1905, quando o Bangu, clube fundado por ingleses, mas que era formado em sua maior parte por operários da fábrica Bangu de Tecidos, escalou um atleta negro chamado Francisco Carregal, naquela época o esporte era praticado apenas pela elite, filhos de ingleses e europeus em geral que voltavam de suas viagens com bolas e chuteiras na bagagem e, sendo assim, era uma grande “ferramenta de segregação” da sociedade pois, excluía pobres e principalmente negros dos clubes.

Podemos concluir nesta breve reflexão que, por ter o poder de mudar pensamentos e atitudes, influenciar comportamentos, alegrar ou entristecer vidas, eleger representantes políticos, além de atuar como fator de equilíbrio social, o Futebol jamais poderá ser considerado apenas um jogo.

Este foi o primeiro post do AGESC e, espero eu, que pelo menos tenha servido para aliviar aqueles 10 minutos que faltam para a volta do horário de almoço, ou para matar os últimos 15 minutos de expediente que insistem em não passar pois, nosso intuito aqui no Blog é esse, passar o tempo, desanuviar a vida, e coisas do tipo.

Sejam bem vindos.

 

 

Tags : futebolsocialvida
Pedro Henrique

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