Futebol é um esporte, isso é um fato. Esportes geram entretenimento, outro fato. Podemos então colocar o esporte na mesma categoria de filmes, músicas, seriados, novelas entre outros meios considerados entretenimento, pois todos de alguma forma nos fazem sentir emoções, e das mais variadas.
Quem nunca despertou o sentimento de raiva ao assistir um filme que tem um vilão terrível (ex: Joffrey do GOT)? Quem nunca se identificou e criou empatia por um personagem simpático? Ou amor platônico por aquela deusa do filme? Quem nunca quis matar aquele jogador bagre do seu time? Pois bem, o que tiramos disso tudo?
A conclusão mais óbvia é que entretenimento gera emoção, e emoção é algo pessoal e único de cada indivíduo, pois cada ser humano tem sua própria visão do mundo, sua cultura, suas experiências e estilo de vida. O mesmo personagem que eu odeio, pode ser que você ame. E vice-versa. Não existe regra quando o assunto é sentimento, pelo menos não deveria.
O questionamento que eu trago a vocês, caros leitores desse blog que ninguém liga, é:Sendo o futebol um meio de entretenimento, e entretenimento algo que gera emoção baseado em experiências pessoais, seria possível analisar um jogo de futebol de forma sensata? É possível olhar para dentro das quatro linhas e deixar toda emoção e sentimento de lado, e avaliar friamente o que está acontecendo ali? É possível achar bom jogador aquele cara que você e olhou e não foi com a cara? É possível gostar daquele técnico, que embora seja considerado bom profissional, certa vez tirou de campo seu jogador favorito, e que naquela ocasião fez seu time perder?
Vejo em muitas rodas de amigos as pessoas comentando sobre futebol e falando “tal jogador é bom”, “tal jogador não joga nada”, “aquele técnico é muito fraco”, “2017 e ainda acreditam nesse jogador”, e isso se tornou tão rotineiro que ninguém mais ao menos questiona: “Acho mesmo esse jogador ruim ou apenas estou com birra dele por algum fator pessoal/evento específico/errou aquele gol agora te odeio?”.
Para finalizar, vou deixar um exercício mental: Você vai pensar em dois jogadores com as seguintes características:
– Primeiro jogador: Aquele jogador que você mais gosta, que você acompanha, que você gosta do caráter, sabe onde joga, onde jogou, e que se fosse por você, ele se aposentaria no seu time.
– Segundo jogador: Um jogador que você julga jogar muito bem, técnico, tem raça, joga o fino da bola, independentemente de sua posição.
Ok. Agora seja sincero, nas duas vezes você pensou no mesmo jogador, certo? Ou pelo menos esses jogadores se assemelham de alguma forma?
Talvez julgamos ser bom jogador aquele jogador que criamos empatia, e isso para alguns pode ser óbvio, mas já vi gente jurar de pé junto que o Neymar não é “tudo isso”, quando na verdade a pessoa só não gosta do jeito dele. Mas essa é a graça do futebol, não conseguimos olhar pra dentro de campo e ver simplesmente profissionais atuando, o que vemos ali naquele momento é quem vai ter o poder da tiração de sarro durante a semana no trabalho.